Na orla da Praia Central de Balneário Camboriú vemos um momento de transição marcado pela instalação de quiosques provisórios que buscam manter o comércio ativo enquanto as obras estruturais avançam. Essas intervenções, ainda que temporárias, já atraem atenções e críticas por seu impacto visual, funcional e ambiental. O plano de reurbanização da orla inclui macrodrenagem, demolições e adequações urbanísticas que mexem diretamente na relação entre a cidade e o mar, exigindo ações que conciliem desenvolvimento e preservação.
As novas estruturas provisórias são construídas em contêineres adaptados e adquiridas pelos próprios comerciantes, o que alivia a pressão financeira sobre a administração municipal. Elas serão instaladas em etapas, acompanhando o ritmo das demolições dos antigos pontos de venda. Em uma fase inicial, seis unidades já começaram a funcionar ao longo da faixa costeira, com previsão de ampliação conforme avance a reurbanização. As intervenções buscam não apenas manter a presença comercial, mas também garantir acessibilidade e padronização estética durante o período de obras.
A escolha por quiosques móveis em contêineres representa uma solução estratégica para evitar desperdício e permitir flexibilidade no uso dos espaços. Essas estruturas podem ser remanejadas conforme a execução das galerias e drenagens, reduzindo impacto fixo sobre o solo. Cada módulo preserva dimensões equivalentes aos antigos quiosques, além de contar com dois banheiros acessíveis, o que dobra a oferta sanitária pública na orla. A presença de decks de madeira ao redor favorece o fluxo de clientes e facilita a integração com o entorno urbano.
Embora sejam medidas de caráter provisório, as intervenções revelam desafios importantes. A reurbanização e macrodrenagem exigem precisão técnica para evitar que problemas como acúmulo de água, erosão ou falhas estruturais comprometam o espaço litorâneo. É nesse contexto que a atuação da Prefeitura precisa ser acompanhada de critérios claros e transparência sobre cada fase do projeto. A padronização visual e a comunicação com a sociedade são ferramentas indispensáveis para evitar que o roteiro de obras se torne fonte de conflito.
Outro ponto que merece atenção é o equilíbrio entre funcionalidade e identidade local. Mesmo provisórios, os novos módulos não podem destoar completamente da paisagem que atrai turistas e moradores à orla. A padronização visual planejada – com artes informativas e orientações – busca preservar a identidade urbana da região, ainda que temporariamente comprometida pelas obras. É importante que essas intervenções transitórias não descaracterizem o espaço público nem afastem o público-usuário.
Do ponto de vista socioeconômico, os resultados dessas instalações provisórias são cruciais. Comerciantes, que dependem da temporada para faturamento, precisam de estabilidade para manter operações. A continuidade do atendimento, mesmo em estruturas temporárias, fortalece a confiança do público e evita o abandono da orla como ponto de interação social. Manter o comércio ativo durante a reurbanização é um fator determinante para que não haja prejuízo irreparável à economia local.
No aspecto urbano, a reabilitação da orla exige que as obras de infraestrutura sejam combinadas com intervenções de paisagismo, acessibilidade e mobilidade. A drenagem eficiente, por exemplo, fará a diferença entre uma orla bem estruturada e uma faixa atingida por alagamentos. O sucesso desse ciclo de intervenções depende da coordenação entre áreas urbanísticas, ambientais e de engenharia — além de um cronograma realista que evite paralisações ou atrasos que prolonguem o desconforto público.
Em síntese, a transformação da orla impõe desafios e oportunidades simultâneas. Os quiosques provisórios surgem como alternativa para manter a dinâmica comercial, enquanto a reurbanização almeja estruturar o espaço litoral para o futuro. É fundamental que o processo seja transparente, tecnicamente sólido e sensível à identidade urbana e ao meio ambiente. Assim, Balneário Camboriú poderá avançar rumo a uma orla renovada — preservando sua vocação costeira e fortalecendo sua presença turística e social.
Autor: Haofeng Li
